Memórias, Reparação e Emergências Sanitárias: O que podemos falar sobre isso?
Escrito por: Luís Felipe Granado
IFF/Fiocruz inicia comemoração dos 35 anos do PPGSCM com debate sobre Memória, Reparação e Emergências Sanitárias
“Este ano de 2024 é um ano de celebrações”, disse Martha Moreira, professora e pesquisadora do Instituto Fernandes Figueira (IFF)/Fiocruz, em referência aos cem anos do instituto e aos 35 anos do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher (PPGSCM), na abertura da mesa de debate: “Memórias, Reparação e Emergências Sanitárias: O que podemos falar sobre isso?”, que marcou o primeiro dia de uma série de eventos promovidos pelo IFF para comemorar esta importante trajetória da Saúde Coletiva Brasileira.
O debate contou com a moderação de Marcelo Maciel, professor do curso de psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e participação das convidadas Deisy Ventura, professora de Ética da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e Eliane Barbosa, coordenadora do projeto Tributação JUSTA, Reparação Histórica.
A professora Eliane Barbosa iniciou as reflexões pela manhã apresentando o histórico do racismo estrutural no Brasil e o que precisa ser feito para reparar seus impactos na sociedade atualmente, dialogando com a saúde pública, as ciências sociais e até a economia.
“Por que pensar em reparações para população negra ante as emergências sanitárias, se todos sucumbiremos juntos? Porque a humanidade continua viva e nada garante que ela acabará. E, acima de tudo, somos seres morais, portanto, são lutas que precisamos enfrentar, para, se o mundo de fato acabar, a nossa natureza moral estar satisfeita. Precisamos estar do lado certo da história”, disse Barbosa.
A professora Deisy Ventura prosseguiu o encontro revisitando a trajetória das emergências sanitárias nacionais e internacionais, exaltando a importância de manutenção e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e lembrando da necessidade de se resgatar os últimos enfrentamentos a epidemias para criar um protocolo nacional eficaz a fim de combater eventos futuros.
“Quando eu falo de memória, precisamos de uma política de memória do que ocorreu na pandemia de Covid-19, tanto documental, quanto da perspectiva das pessoas, inclusive dos profissionais de saúde”, solicitou, acrescentando: “A única forma de evitar a repetição é fazer a lição de casa”.
Por fim, as debatedoras dialogaram sobre a palavra que marcou o encontro, seja no âmbito da saúde pública ou no do combate ao racismo, a “memória”. Sendo o esquecimento uma forma ativa de poder, a lembrança dos fatos, e como contá-los, é crucial para reparação de dívidas históricas.
O evento foi transmitido no canal do YouTube do IFF e pode ser assistido por meio do link: https://www.youtube.com/live/XnqOdWesGzU?si=8cIJ0h5-dO_L3nGE