Monkeypox: amamentação e cuidados com recém-nascidos


Conforme Nota Técnica Nº 46/2022-CGPAM/DSMI/SAPS/MS, divulgada, em 1º/8, pela Coordenação-Geral de Saúde Perinatal e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde (MS), ainda há poucas evidências para fazer recomendações sobre o cuidado de recém-nascidos (RN) de mulheres com Monkeypox (MPX). Porém, as indicações feitas são baseadas no conhecimento de que o vírus pode ser transmitido ao recém-nascido por contato próximo durante ou após o parto e de que a doença pode ter evolução severa em neonatos.

Uma vez que a melhor estratégia para impedir o contágio do RN é evitar o contato direto com a mãe infectada, as seguintes normas devem ser seguidas em instituições de assistência ao parto, conforme expressado na Nota Técnica:

•    Desaconselhar o contato pele a pele entre a mãe e o RN;
•    Fazer exame macroscópico do RN imediatamente após o nascimento;
•    Quando disponível, colher (com cotonete indiciado) material de garganta e de eventuais lesões cutâneas do RN;
•    Informar à mulher sobre os riscos da infecção e da necessidade de manter mãe e filho em quartos separados durante a fase de isolamento materno;
•    Se por qualquer motivo não for possível manter a mãe e o RN em quartos separados, precauções estritas devem ser seguidas durante o contato mãe e filho:

    • O RN deve estar totalmente vestido ou envolto por um cobertor. Após o contato, a roupa ou cobertor deve ser imediatamente substituídos;
    • A mãe deve usar luvas e avental, deixando coberta toda área da pele abaixo do pescoço; e a mãe deve usar uma máscara cirúrgica bem ajustada à face;
    • As precauções devem ser mantidas até que os critérios para encerrar o isolamento tenham sido alcançados: resolução de todas as lesões, queda das crostas e formação de uma nova camada de pele.

Quando a testagem do RN tiver sido realizada e o resultado for positivo, o isolamento pode ser cancelado, permitindo a permanência da mãe com o bebê. O momento da alta deve ser ajustado considerando o tempo de isolamento materno, a capacidade de aderir às recomendações para evitar o contágio do RN e a disponibilidade de pessoas para auxiliar no cuidado do bebê.

 

Embora ainda não se saiba se o leite materno transmite a monkeypox, há um alto risco de infecção devido ao contato próximo com a pele durante a amamentação

 

Entrevista com a especialista

Nesse contexto, a infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Natalie Del Vecchio, foi convidada para abordar as orientações para recém-nascidos e mulheres em fase de amamentação com confirmação ou suspeita de Monkeypox.

A Monkeypox está presente no leite materno? Pode ser transmitido de mãe para filho através do leite materno?

N.d.V.: Poucas evidências existem para recomendações no cuidado do recém-nascido com mães infectadas pelo vírus MPX. O vírus pode ser transmitido ao RN durante a gestação por via transplacentária, por contato próximo durante e após o parto. Até o presente momento, não se sabe se o vírus está presente no leite materno e se pode haver transmissão por essa via.

O leite materno ordenhado pela paciente que está sintomática ou em isolamento, deve ser descartado enquanto o aleitamento estiver suspenso.


Quais as recomendações para a alimentação do bebê caso a amamentação seja interrompida por causa da MPX?
 

N.d.V.: O bebê pode receber fórmula infantil apropriada para cada situação ou leite humano pasteurizado.


Como uma mãe infectada pela Monkeypox pode tratar a pele das mamas para prevenir a infecção enquanto as lesões da MPX cicatrizam?


N.d.V.: Não existe um tratamento específico para a pele das mamas na prevenção da transmissão. A recomendação atual é manter a separação da mãe e bebê até que a mãe esteja fora do período de transmissibilidade do vírus, ou seja, até que as crostas tenham desaparecido, com cicatrização e formação de uma nova camada de pele. Essa recomendação de separação mãe-bebê, baseia-se no conhecimento de que o vírus pode ser transmitido no contato próximo com a mãe e a doença pode ter evolução grave no RN.


E como proceder se a mãe não puder ficar separada do bebê durante o isolamento materno? 

N.d.V.: Devemos desaconselhar o contato pele a pele da mãe e RN. O RN deve estar totalmente vestido ou envolto por um cobertor. Após o contato, a roupa ou cobertor deve ser substituídos. A mãe deve usar luvas e avental, deixando coberta toda área da pele abaixo do pescoço e a mãe também deve usar uma máscara cirúrgica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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