Jornalismo: a voz da Ciência na pandemia de Covid-19


O Jornalismo está presente diariamente na vida das pessoas, independente da hora ou do meio. Com a Covid-19, a atuação ganhou ainda mais força, tanto que, desde o início da pandemia, os serviços de comunicação foram considerados essenciais devido ao fornecimento de informações seguras à população. Mas a prática vai além, incluindo o combate às fake news (notícias falsas) e a propagação de dados divulgados por pesquisadores sobre o vírus.

A relevância das pautas de saúde nos veículos, faz a sociedade acompanhar, em tempo real, informações, como o número de contaminados, a taxa de vacinados e as medidas vigentes para diminuir o contágio da doença, que são fundamentais para orientar a população a enfrentar esse momento complexo.

Entraves no combate à pandemia, à desinformação e às fake news foram potencializadas ao longo da crise sanitária, que afeta todas as dimensões da vida, trazendo impactos, por exemplo, sociais, econômicos e psicológicos. Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) lançou dois guias para alertar e combater a “Desinfodemia”, termo adotado para se referir, de forma ampla, a conteúdos que são falsos e têm impactos potencialmente negativos.

A Desinfodemia pode ter consequências fatais durante uma pandemia


Pandemia: meios de comunicação do IFF/Fiocruz apresentam aumento considerável

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vem desempenhando um papel de destaque e muita relevância social no enfrentamento à pandemia no Brasil, sendo um dos principais centros de produção de conhecimentos sobre a doença. Por conta disso, foi designada, em abril de 2020, referência para a Organização Mundial da Saúde (OMS) em Covid-19 nas Américas e, em agosto de 2021, recebeu o título de Patrimônio Nacional da Saúde.

A Fiocruz desenvolve estratégias integradas com o Ministério da Saúde (MS) para a promoção da saúde e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), através de iniciativas, como a ampliação da capacidade de testagem para Covid-19, a internalização da tecnologia e produção de vacina, o apoio às populações vulnerabilizadas, a assistência à saúde e a condução de pesquisas com foco em Covid-19.

Todas essas frentes envolvem o campo da comunicação, que vem contribuindo diretamente para o cumprimento do papel social da Fundação. Uma de suas unidades, o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) possui a atribuição de órgão auxiliar do Ministério da Saúde na tarefa de desenvolver, coordenar e avaliar as ações integradas, direcionadas à área da saúde feminina e infantojuvenil, em âmbito nacional. Sendo assim, o Núcleo de Comunicação do Instituto atua de forma articulada e estratégica.

Com o volume de conteúdos relevantes para a população, as postagens nas redes sociais do IFF/Fiocruz, que antes eram feitas em torno de 3 a 4 vezes por semana, passaram a ser diárias e cada vez mais interativas, buscando manter o público atualizado sobre temas, como as principais dúvidas sobre a Variante Delta, Estudo Trend: pesquisa do IFF/Fiocruz aponta que 89,5% querem tomar a vacina contra a Covid-19, Evite a Covid-19 e a Sepse, e a importância de vacinar crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19.


Os resultados nas mídias do Instituto têm sido expressivos: referente ao alcance,
de 2020 para 2021, aumento de pouco mais de 50% no Facebook e de 230% no Instagram


Assim como nas redes sociais, o crescimento se estende também aos outros meios. No site do IFF/Fiocruz, são publicadas constantemente matérias sobre a saúde da mulher, da criança e do adolescente, com destaque às atividades do Instituto, bem como a divulgação de pesquisas desenvolvidas na unidade e sua repercussão na saúde da população. Em 2020, as 10 matérias mais acessadas do portal somaram mais de 182 mil acessos, já em 2021, foram praticamente 600 mil acessos, ou seja, um aumento significativo de 228% a mais.

As cinco matérias mais acessadas em 2021, foram temas de destaque e com orientações dos porta-vozes do Instituto: Influenza (gripe) – Sintomas e Prevenção, O que se sabe sobre a Variante Delta, Mitos e verdades sobre a vacina contra a Covid-19, Covid-19: participe da pesquisa do IFF/Fiocruz sobre os impactos psíquicos da pandemia em mulheres mães de crianças ou adolescentes e em seus filhos, e Vacinação contra Covid -19 em crianças – Por quê elas não serão vacinadas agora?.

Relação Jornalismo e Ciência

Desde a notificação da Covid-19, pesquisadores e especialistas de todo o mundo, incluindo os da Fiocruz, estão construindo conhecimento para o enfrentamento da doença, considerada pela Organização Mundial da Saúde a maior crise sanitária mundial da atualidade. Então, coube ao Jornalismo dar voz aos pesquisadores e cientistas ao longo da cobertura da pandemia, pois é através dos veículos de imprensa que a ciência pode ser ouvida e colocada em prática.

Na própria Fundação, muitos pesquisadores compreenderam a necessidade de se comunicar bem com os diversos grupos e segmentos da sociedade, tomando essa tarefa como parte de suas contribuições, visto que, é fundamental ouvir especialistas da área de saúde para evitar a propagação do vírus. A importância dessa parceria se reflete nos dados conquistados: de acordo com levantamento realizado, em 2021 o trabalho da imprensa soma 26% do impacto da Fiocruz na imprensa. Já os porta-vozes têm 50,5% do impacto, tidos como referência para todas as frentes da crise, da vacina às novas cepas e para aconselhar o público do cenário epidemiológico. O Observatório Covid-19 e InfoGripe se tornaram pilares da exposição da Fiocruz na imprensa, com divulgação semanal em veículos nacionais e regionais, em todas as plataformas.

Entrevistas

Para abordar a temática e celebrar o Dia do Jornalista, 7/4, convidamos a coordenadora de Comunicação Social (CCS) da Fiocruz, Elisa Andries, e a jornalista da TV Globo e escritora, Sônia Bridi, pelas suas contribuições na luta pela valorização da profissão.

Elisa Andries

1. Qual a importância da Comunicação para o cumprimento da missão da Fiocruz ao longo da pandemia?

Elisa: A Fiocruz tem ocupado um lugar de destaque nesta pandemia e realizado um trabalho relevante para toda a sociedade brasileira e no plano da saúde global. A produção de vacina, de boletins epidemiológicos, a criação de um hospital de referência e a vigilância genômica estão entre as ações que fizeram diferença nesta crise sanitária internacional, ocupando um lugar de destaque na imprensa e nas redes sociais. Além da divulgação de estudos e ações de grande importância sanitária, a Comunicação atuou na formulação e no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento da pandemia, escuta e diálogo com a sociedade, promoção da saúde coletiva e, consequentemente, fortalecimento do SUS. A experiência na gestão de crises sanitárias anteriores também contribuiu para o cumprimento do papel social da Fiocruz.

2. Quais iniciativas, produzidas no contexto da Comunicação da Fiocruz, destaca no enfrentamento da Covid-19?

Elisa: Foram muitas iniciativas de sucesso, como a criação de uma área especial sobre vacinas na Agência Fiocruz de Notícias e no Portal Fiocruz, até a produção de peças variadas para o projeto “Se Liga no Corona”, que atuou nas comunidades da Maré e de Manguinhos, em um primeiro momento, e depois foi ampliado para várias outras comunidades brasileiras. Trabalhamos com cards e vídeos para comunidades indígenas, com a consultoria de pesquisadores da Fiocruz. Marcamos presença nas redes sociais com parcerias com o Facebook e o Twitter para garantir informações de qualidade para o público destas redes. Também destaco o importante papel do Observatório Covid-19, integrado por pesquisadores, que norteou ações e atividades nos municípios e estados, além de ser uma importante referência para a população e para a imprensa.

3. Como avalia as contribuições da Comunicação do IFF/Fiocruz nos esforços da Fundação e para a sociedade em meio à crise sanitária?

Elisa: A Comunicação do IFF/Fiocruz se somou aos esforços da CCS e dos demais núcleos e unidades da Fiocruz, trabalhando a Covid-19 no âmbito da saúde da mulher, da criança e do adolescente, em alinhamento com todos os demais Núcleos de Comunicação. Este alinhamento é fundamental para uma comunicação de qualidade.

4. Um dos pilares essenciais para o Jornalismo é contar com fontes confiáveis para disseminar informações seguras. Como você analisa essa parceria com os pesquisadores da Fiocruz e o crescimento significativo da presença da Fundação nos veículos de imprensa e redes sociais?

Elisa: A participação constante de pesquisadores da Fiocruz na mídia foi um dos aprendizados da pandemia. Destacaria a doutora, Margareth Dalcolmo, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), que ganhou enorme projeção a partir de sua participação na mídia. Além dela, os pesquisadores do Observatório, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e de unidades como o IFF/Fiocruz também abraçaram a comunicação e a divulgação científica como atividades fundamentais durante toda a pandemia.

5. Em um trecho de uma fala da presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, ela enfatizou o papel potente, necessário e estratégico da Comunicação: “a informação qualificada, contextualizada, integrada e analisada é algo que tem o valor de uma vacina”. Como você avalia esse reconhecimento?

Elisa: A comunicação, em última análise, salva vidas. Informações relevantes e confiáveis são fundamentais para o controle social, para que a sociedade tome medidas de proteção individual e coletiva. Com certeza, trabalhar na Comunicação da Fiocruz nesta pandemia tem sido o maior desafio da minha vida profissional. Um aprendizado para a vida.

Sônia Bridi

1. Qual a importância do Jornalismo, principalmente durante a pandemia de Covid-19?

Sônia: Gostamos de dizer que nós, jornalistas, salvamos vidas, mas isso foi verdade mesmo durante a pandemia. Diante do negacionismo e curas falsas que facilitaram o contágio, foi o jornalismo profissional que fez o papel de alertar, prevenir e orientar a população.

2. Como você se adaptou ao "novo normal" imposto pela pandemia para continuar desempenhando as suas atividades?

Sônia: Fui correspondente internacional, com o escritório da Globo dentro de casa, por 5 anos, em Pequim e Paris. Retomei parte dessa rotina, com a vantagem de termos boa internet e uma gama de aplicativos que permitem fazer videochamadas. Só saí de casa quando era impossível reportar de lá. Quando a gente sabe o que está em jogo, se adapta mais fácil. Acho que a compreensão do perigo é um aliado na resiliência emocional.

3. Em meio à pandemia e a enxurrada de fake news, coube ao Jornalismo dar voz aos pesquisadores e cientistas durante a cobertura da Covid-19 no Brasil e no mundo. Como você avalia essa relação do Jornalismo com a Ciência?

Sônia: Acho que foi um momento muito bom de relacionamento da ciência com o jornalismo. Essa relação nem sempre é fácil. Ainda há jornalistas que resistem a estudar o processo científico e, portanto, não dão a ele o devido valor. E há cientistas que ainda pensavam que divulgação científica é exibicionismo, não serviço público. A pandemia derrubou esses muros.

4. Quais dicas você gostaria de compartilhar com a sociedade para combater as fake news?

Sônia: Procure o jornalismo profissional, veja quem está te informando. Jornalista profissional precisa seguir regras, o resto é a selva. Pode até ter gente bem-intencionada, mas a grande maioria é de agentes de propaganda, feita para enganar, não para informar.

5. Como você analisa as inúmeras iniciativas produzidas pelas instâncias de Comunicação da Fiocruz no enfrentamento à pandemia?

Sônia: Acompanhei algumas delas de perto e tenho certeza de que foram fundamentais para que o país não enfrentasse essa crise imensa de olhos vendados. A produção de vacinas nos deu ferramentas para combater a Covid-19. Só tenho orgulho do que a Fiocruz fez e representa.

 

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