Infectologista do IFF/Fiocruz orienta sobre monkeypox em gestantes e puérperas


No mundo, já são 35.621 casos confirmados de Monkeypox, segundo as Atualizações da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, divulgadas em 15/8. Os dados epidemiológicos apontam que 92 países registraram casos e 13 óbitos, incluindo um no Brasil, país que é o 6º na lista dos mais afetados, com 2.893 confirmados. 


Monkeypox: cenário epidemiológico – Brasil | Fonte: Ministério da Saúde

Declarada, em 23/7, como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), a Monkeypox é uma doença zoonótica viral, em que sua transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animal ou humano infectado ou com material corporal humano contendo o vírus. De acordo com o Ministério da Saúde, apesar do nome, é importante destacar que os primatas não humanos não são reservatórios do vírus da varíola.

Na Nota Técnica de recomendações sobre Monkeypox no Ciclo Gravídico-puerperal, publicada em 1º/8, o Ministério da Saúde esclarece que por ser uma doença nova, a infecção por Monkeypox ainda tem muitos dos seus aspectos desconhecidos, e analisa que, embora mais estudos sejam necessários, há uma preocupação das autoridades de saúde nos cuidados para essa população, considerando o risco de aparecimento de casos neste grupo populacional.

A nota informa que as gestantes apresentam quadro clínico com características semelhantes às não gestantes, quadros leves e autolimitados, não havendo indicação de antecipar o parto, mas podem apresentar gravidade maior, sendo consideradas grupo de risco para evolução desfavorável. Nesse contexto, a infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Natalie Del Vecchio, foi convidada para abordar o tema e orientar as gestantes e puérperas. 



Monkeypox: recomendações para gestantes e puérperas | Fonte: Ministério da Saúde

O vírus pode atravessar a placenta e atingir o feto?

Natalie: Sim, é reconhecida a transmissão materno-fetal a partir da placenta, originando a doença congênita, abortamento espontâneo, óbito fetal e parto prematuro. Entretanto, dados sobre a doença na gestação são limitados por se tratar de uma doença nova e com poucos estudos. A gestante deve ser acompanhada pelas autoridades de saúde até que mais estudos e evidências sejam publicados.

Quais os riscos e benefícios da medicação para gestantes e puérperas contra os sintomas da Monkeypox?

Natalie: Não há terapia específica para o Monkeypox, a maioria dos casos é autolimitada e não irá necessitar de tratamento medicamentoso específico com antivirais. Ainda não há protocolos bem estabelecidos para indicação dos antivirais em pacientes infectados pelo Monkeypox.

Na gestação, a recomendação de antivirais só deve ser considerada em quadro grave da doença, já que mais estudos ainda são necessários para avaliar a eficácia e os riscos dessas medicações para o feto. Cada caso deve ser discutido com a paciente e a decisão compartilhada baseada em riscos e benefícios que se conhecem até o momento.

O que deve ser garantido durante o trabalho de parto e parto?

Natalie:
Deve-se garantir a presença de um acompanhante saudável, o uso de equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde e cuidados de prevenção na transmissão do vírus intra-hospitalar. A puérpera deve permanecer em local de precaução de contato e gotícula (ideal quarto privativo), mantendo-se a segurança das demais pacientes.

Nos casos confirmados, a cesárea está indicada?

Natalie:
De maneira geral, a cesárea não está indicada e a via de parto é baseada nas indicações obstétricas. A indicação da cesárea ocorre quando a paciente apresenta lesão genital, porque há risco de contato e infecção neonatal no momento da passagem pelo canal de parto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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